Campanha bonita, resultado fraco: onde a comunicação está falhando?

Quase toda empresa já passou por isso: muita energia investida, peças visualmente impecáveis, slogan forte, apresentação que arranca elogios. Na prática, porém, pouca coisa muda.
O comportamento continua o mesmo, os conflitos seguem acontecendo, a cultura não se mexe.

Quando isso se repete, o problema geralmente não é falta de criatividade. O problema está em onde a comunicação está mirando.

Quando a campanha funciona só no slide

Uma campanha tende a ser bonita e fraca quando é desenhada mais para impressionar em reunião do que para funcionar no dia a dia. Alguns sinais comuns:

  • o público diz que entendeu, mas não muda atitude nenhuma

  • gestores reclamam que ninguém abraçou a ideia

  • colaboradores enxergam a ação como algo distante da rotina

  • o cliente final quase não percebe diferença na experiência

Ou seja: a campanha existe, mas não encosta no problema real.

1. O briefing fala de imagem, o problema é de rotina

Muitas vezes o pedido chega assim:
“Precisamos melhorar a percepção da marca.”
“Queremos comunicar que nos importamos com segurança.”
“Precisamos falar mais de respeito, empatia ou sustentabilidade.”

Só que, lá na ponta, o que trava é outra coisa:

  • processos confusos

  • metas que vão na direção oposta do discurso

  • falta de tempo para fazer do jeito certo

  • ausência de exemplo na liderança

Se a campanha ignora essa camada estrutural, ela vira verniz: bonita por fora, desconectada por dentro. Comunicação não substitui prática. Ela só funciona bem quando reconhece o cenário como ele é.

2. Mensagem feita para a diretoria, não para quem vive o problema

Outro ponto de falha é a escolha de linguagem.
É comum a campanha ser escrita olhando para o nível executivo, com jargões, conceitos abstratos e frases solenes. Fica ótimo na apresentação, mas distante da forma como as pessoas realmente falam e pensam.

Resultado:

  • quem está na operação não se enxerga na mensagem

  • a ação é percebida como algo da empresa lá de cima

  • o tom parece moralista ou distante da realidade

Quando isso acontece, a campanha pode até gerar orgulho em quem aprovou, mas dificilmente gera comportamento diferente em quem precisa mudar algo na prática.

3. Ação pontual, problema contínuo

Temas como segurança, respeito, atendimento, cultura interna, saúde mental ou inclusão não cabem em uma única campanha de mês temático.
Quando a empresa aposta em uma grande ação isolada e depois volta ao modo antigo, o recado indireto é: isso é importante, mas só por enquanto.

Campanhas bonitas e pontuais, sem continuidade:

  • desgastam o discurso da empresa

  • criam cinismo, porque parece sempre a mesma promessa

  • enfraquecem o impacto de futuras ações

Mudança de cultura é processo. Sem rotina de comunicação, a melhor das campanhas vira apenas um pico no gráfico e desaparece rápido.

4. Medir aquilo que é fácil, não aquilo que importa

Outra fonte de frustração é a escolha dos indicadores.
Se o sucesso é medido apenas por:

  • número de peças produzidas

  • alcance de mídia

  • views, cliques ou curtidas

é possível declarar vitória enquanto nada relevante mudou.

Para saber se a campanha realmente funcionou, a empresa precisa olhar também para sinais como:

  • redução de incidentes ligados ao tema, por exemplo segurança, comportamento ou reclamações

  • melhoria em indicadores internos, como clima, adesão a processos e participação em programas

  • mudança perceptível na forma como equipes lidam com situações do dia a dia

Sem esse olhar, o resultado é um só: campanha premiável, mas irrelevante para a rotina de trabalho.

5. Faltou ouvir quem está em campo

Uma das maneiras mais eficientes de evitar campanha bonita e oca é fazer uma pergunta simples antes de começar:
quem vive esse problema todos os dias pensa o quê sobre ele?

Quando não há escuta:

  • a comunicação ataca sintomas, não causas

  • surgem mensagens que culpam o indivíduo e ignoram contexto

  • a campanha perde oportunidades de abordar dores reais e concretas

Trazer para a mesa pessoas de diferentes níveis, como operação, liderança intermediária, atendimento e suporte, ajuda a testar se as mensagens propostas fazem sentido ou se soam como discurso pronto.

Como sair do ciclo “bonita, mas fraca”

Alguns caminhos práticos para reduzir a distância entre estética e impacto:

  1. Começar pelo problema, não pelo formato
    Antes de decidir se será vídeo, cartaz, post ou palestra, definir com clareza três pontos:
    o que precisa mudar de comportamento, que conflito precisa ser diminuído e que sensação a empresa quer fortalecer.

  2. Alinhar discurso e prática mínima viável
    Se a empresa quer defender um valor, precisa garantir ao menos algumas condições mínimas para que isso seja possível. Sem isso, a campanha vira cobrança unilateral.

  3. Testar linguagem com quem vai receber a mensagem
    Um pequeno grupo piloto, de áreas diferentes, pode apontar onde o texto está abstrato, agressivo, moralista ou pouco crível.

  4. Planejar continuidade desde o início
    Em vez de uma ação gigante, criar um fio condutor. Desdobramentos, lembretes, rituais e materiais que mantenham o tema vivo ao longo do tempo.

  5. Definir indicadores ligados ao problema real
    Não é necessário abandonar métricas de comunicação, mas é importante conectá-las a sinais concretos de mudança na organização.

Campanhas bonitas têm seu valor. Elas abrem portas, geram atenção e ajudam a organizar a narrativa.
Quando o resultado é fraco, porém, quase sempre há um recado escondido: em algum ponto do processo, a comunicação falou mais para a apresentação do que para a vida real.

A pergunta mais importante não é como fazer algo mais impactante visualmente. A pergunta central é outra:
o que precisa ser diferente na rotina para essa mensagem fazer sentido e como a comunicação pode ajudar a construir esse caminho?

publicado em

29 de out. de 2025

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29 de out. de 2025

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29 de out. de 2025

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29 de out. de 2025

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